sexta-feira, 29 de junho de 2012

My Brohter - Parte 02

Continuando...

Meu irmão ficou internado no HCL (Hospital do Câncer de Londrina) durante 42 dias, perdeu 17 kgs e perdeu o cabelo também, claro.

Na noite de Natal minha cunhada, meus pais e eu fomos visita-lo e a cama dele estava cheia de cabelo. Comentei com ele sobre isso e ele puxou um tufo que saiu facilmente. Aproveitando a oportunidade de nós estarmos por lá e já que precisaria fazer isso mesmo, o enfermeiro-chefe buscou a maquininha e com a namorada do lado dando apoio e força, ele ficou careca. Até tirou umas fotos de moicano com o cabelo que ainda estava na cabeça quando nas laterais ele já tinha sido cortado. Na noite de ano novo também passamos no hospital para vê-lo.

Os horários de visita infelizmente eram muito curtos: apenas meia hora por horário, e 3 vezes ao dia para quem estava na UTI (que era o caso dele). Minha mãe ia tooodos os dias e minha cunhada também. Acho que em todo o tempo de internação, cada uma ficou apenas 3 no máximo sem ir visita-lo. Mas não no mesmo dia, claro. Eu ia de vez em quando também, claro, mas como poderiam entrar apenas 2 pessoas por horário, eu acabava não entrando sempre, já que entravam minha cunhada e minha mãe, ou minha cunhada e meu pai, ou minha cunhada e eu, e com conversa, minha mãe conseguia ir ou mandar meu pai também, indo no total 3 pra ver meu irmão. E sempre ia 1 de cada vez. Na visita, luva e jaleco pra evitar contaminação, já que a imunidade dele era muito baixa, e a gente levar alguma coisa pra dentro do hospital é fácil. Algumas vezes foram alguns amigos, ou professores da faculdade lá no hospital, e parentes nossos também. Mas pra todos nós era muito difícil ver um rapaz que costumávamos ver forte e brincando deitado numa cama de hospital.

Depois de 42 dias, ele voltou pra casa. A doença não estava curada, mas estava indo bem o tratamento, e os médicos eram otimistas. Ele saia de casa, chegou a ir na Missa uma ou duas vezes, e as pessoas praticamente não o reconheciam, já que ele andou sumido por um tempo e depois quando reaparece, é um cara magro, então a galera estranhou mesmo. No dia em que foi na faculdade, quem o viu ficou muito, mas muito contente.

No tempo que ficou em casa, levantava bem cedo duas vezes por semana com minha mãe pra ir pro hospital em Londrina fazer quimioterapia (que não teve as grandes reações que todo mundo fala tanto. Só a primeira mesmo que foi meio forte, já que era o começo do tratamento, e tal...), e quando ela estava se tornando quinzenal... Infelizmente, exatamente dois meses depois de ele sair do hospital, voltou pra lá pra ficar internado. Havia passado uma noite lá pra tomar soro, mas no outro dia cedo estava em casa.

Ele voltou pra UTI novamente no dia 12 de março. Chegou anteriormente a ir pra um quarto comum, mas o ambiente lá era muito pior e assustador do que na UTI. (Só o nome UTI é muito assustador, mas acreditem, é bem melhor ficar em uma do que num quarto. Se bem que depende o quarto, já que no primeiro que ele ficou, tinha um cara quase morrendo lá, e outro quase morto já. Mas no segundo quarto em que ele ficou, era só ele, e era ‘bom’ lá.) Descobriu-se que as dores no peito e a falta de ar constante eram uma infecção pulmonar. Como ele ficava agitado, e a agitação tirava ainda mais o folego dele... Resolveram que o melhor a fazer era sedá-lo. Na manhã do dia 16 ele estava muito agitado pela falta de ar, e ligou pedindo que minha mãe e a Jessica (minha cunhada) fossem lá com ele. Como minha mãe estava fora e não tinha celular, não a encontramos a tempo de ir pra Londrina com minha cunhada. Então minha mãe (que ganhou nesta noite um celular pra que algo assim jamais acontecesse novamente!) foi comigo e meu pai pra lá. Nesta noite de sexta-feira, quando subi pro quarto, a Jéssica fazendo massagem nos pés dele (muito inchados), e quase não conversamos. Ele estava muito cansado e sonolento. Foi a última vez que conversamos...

Durante a madrugada do dia 17 ele foi sedado. A infecção pulmonar estava sendo tratada, mas ele não apresentava melhorias, mas também não piorava. O estado dele era sempre estável, estável, estável. Isso cansava e preocupava. Muito. No dia 25, domingo, fomos à Missa no Flamingos, onde a liturgia era dos jovens, e eu fiz a leitura e meus pais estavam lá também. Era a última semana da quaresma antes da Semana das Dores, como o padre Miguel dizia na homilia, que antecede a Semana Santa, mas não imaginávamos que a Semana das Dores seria tão dolorosa.

Continua...

Meu irmão quando nem pensava em doença...