quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Finados

Mais uma vez chegou este feriado... Mais uma vez tivemos a oportunidade de ir ao local onde nossos familiares, amigos e desconhecidos tiveram seus corpos ‘guardados’ para o dia do Juízo Final, de onde todos levantarão para o encontro definitivo com Deus.

No ano passado, aproveitei o feriado e fui passear em Londrina, onde conheci pessoalmente minha grande amiga Fran Venancio depois de um tempo (alguns meses) conversado com ela pela internet. Foi um dia muito bom e que pra sempre guardarei na memória.

Mas este ano, eu e meu pai cumprimos a tradição de irmos rezar aos parentes e amigos. Encontramos um amigo meu lá, o Edson Fabiano que nos acompanhou durante o percurso. Visitamos o túmulo do meu avô paterno Raimundo José dos Anjos; da minha avó materna Antônia Alves de Araújo; dos meus amigos Anderson e Gilnei (que caiu no rio enquanto pescavam e o irmão (que era mais velho) pulou para salvá-lo, mas acabaram se afogado, e o sogro do Anderson (ele estava noivo e todas as coisas da casa estavam compradas mas embaladas ainda) acabou vendo tudo sem conseguir ajudar); o da Mayara, que já faz seis meses que faleceu (num acidente de carro com a família da amiga dela que estava junto, e sobreviveu mas perdeu a mãe e o padrasto), e confesso que fiquei emocionado ao ver o túmulo dela, com a foto de uma garota sorridente que não verei tão cedo novamente; e ao sairmos, rezamos na pequena sepultura que meu avô paterno fez: uma casa grande com uma piscina (que está cheia de terra e com plantinhas pra não juntar água pra dengue) onde o bebê de poucos meses caiu e se afogou... Isso foi em 1957, e sempre rezamos ali. Meu avô materno, Francisco Alves de Araújo, foi sepultado, mas depois seus restos mortais foram colocados num saco e juntados a vários outros no Cruzeiro Central do Cemitério...

É triste andar por lá e ver tantas sepulturas com rostos jovens. Sinais da imprudência, irresponsabilidade, atos impensados e erros médicos, mas também tenhamos consciência de que a morte também faz parte da vida, e como dizem, ‘os bons morrem cedo’...

Há um túmulo especial, não muito longe da entrada, mas ainda na avenida principal, onde são enterrados os padres Palotinos, e ou não colocaram a plaquinha ainda, ou está em outro local, mas não encontramos a sepultura do Padre Carlos que há nove dias faleceu.

A Vida é algo tão frágil, tão delicada e ao mesmo tempo tão forte e resistente... ‘Alguns que vivem deveriam morrer e outros que morrem deveriam viver. Você pode dar-lhes a vida, Frodo?’ pergunta Gandalf ao hobbit em O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, e ele tem razão. Não conhecemos os desígnios de Deus e realmente soa estranho quando uma pessoa de bem escorrega, bate a cabeça no chão e morre, enquanto um marginal assalta, rouba um carro, bate e/ou capota 3 ou 4 vezes e ainda consegue sair do carro e fugir da polícia. A Pena de Morte é algo muito pesado, mas há casos em que nos parece tão tentador... O próprio Jesus parece ‘optar’ por ela quando diz que ‘Quem escandalizar um destes pequeninos (as crianças) que acreditam em mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no mar’ (Mateus 18, 6). Cada um de nós tem sua hora. Se somos bons, e Deus nos chama, é porque Ele nos quis logo ao seu lado, ao invés de nos deixar por muito tempo aqui.

Deus nos ama muito, e certamente Ele quer que nós sejamos felizes. A vida é uma dádiva dos céus. Devemos aproveitar muito bem cada instante e fazer de nossa existência uma alegria para nós e para os que nos cercam. Só assim, quando estivermos sendo velados, as pessoas sorrirão com lágrimas de alegria nos olhos. É muito melhor morrer e deixar momentos alegres nas lembranças das pessoas fazendo-as sorrir no nosso velório do que elas sorrirem porque foram confirmar e se alegraram por realmente estarmos finalmente mortos...
Vida longa, próspera e feliz para todos nós! E que quando chegar a Hora, encaremos com alegria o encontro com o Juiz...


A dor de uma Mãe segurando um Filho morto nos braços deve ser a pior de todas...

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